Anvisa realiza nesta quarta audiência pública sobre veto a emagrecedores
Ainda que alguns remédios emagrecedores venham a ser proibidos no
Brasil, como quer a Anvisa (Agência Nacional Vigilância Sanitária), os
chamados remédios naturais, como fitoterápicos e fórmulas manipuladas,
não deverão se tornar uma alternativa no tratamento da obesidade.
A agência de vigilância realiza nesta quarta-feira (23) uma
audiência pública para discutir se proíbe ou não os remédios usados
para emagrecer que atuam no sistema nervoso central: a sibutramina e os
derivados de anfetamina (femproporex, anfepranoma e mazindol).
Para algumas entidades, como a Abeso (Associação Brasileira para o
Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), a SBEM (Sociedade
Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) e a Anfarmag (Associação
Nacional de Farmacêuticos Magistrais), que devem comparecer à audiência
de hoje, a medida vai dificultar o acesso ao tratamento da obesidade no
Brasil.
O único remédio para o tratamento da obesidade que continuará
liberado será o orlistate (Xenical e Lipiblock), que atua diretamente
no intestino e reduz a absorção de gordura. Apesar dessa limitação, os
médicos descartam usar os fitoterápicos no tratamento e preferem usar
remédios não específicos contra a obesidade, mas que podem ajudar no
tratamento.
De acordo com o médico Ricardo Meirelles, presidente da SBEM, os
remédios naturais não têm efeito para ajudar a controlar o apetite.
- Os fitoterápicos não têm comprovação científica para ajudar a emagrecer.
Essa é a mesma opinião do endocrinologista Mário Kehdi Carra, membro da Abeso.
- Com relação aos fitoterápicos e suplementos alimentares, não tem
trabalho nenhum no mundo de longa duração que comprove a eficácia.
Carra afirma que uma possível proibição da Anvisa vai levar os
médicos a buscar medicamentos que não são testados especificamente para
tratar a obesidade, mas que causam emagrecimento, como alguns
antidepressivos.
- Se proíbe, você vai começar a procurar medicamentos de indicação de fora de bula.
De acordo com o endocrinologista Pedro Saddi, da Unifesp
(Universidade Federal de São Paulo), não se pode ter preconceito
somente porque o remédio é fitoterápico, mas esses medicamentos “têm
que ser submetidos ao rigor da ciência”.
- Nenhum deles foi ainda aprovado, tanto do ponto de vista de segurança quanto da eficácia.
É consenso entre os especialistas ouvidos pelo R7 que a medida da
Anvisa vai prejudicar o tratamento da obesidade no Brasil. Para eles,
uma melhor fiscalização sobre o consumo dos medicamentos traria mais
benefícios do que a proibição.
Saddi espera, no entanto, que a agência possa postergar a decisão e discutir melhor o tema.
Alternativas
O médico Fábio César dos Santos, especialista em clinica médica e
cardiologia e presidente da Associação Médica Brasileira de
Ortomolecular, também é contra a medida da Anvisa de proibir os
emagrecedores no país.
A medicina ortomolecular, diz Santos, é uma prática integrativa que
agrega a medicina convencional a métodos de medicina complementar.
Apesar do veto, Santos afirma que existem opções para o tratamento
da obesidade, como o extrato de chá verde associado com rhodiola rosea
(conhecida como raiz-dourada.).
- O chá verde atua como antioxidante e aumenta o metabolismo. A
rhodiola também e antioxidante e inibe a proliferação de células
gordurosas.
Ele cita também a faseolamina, um fitoterápico que inibe a absorção
de carboidratos. Além deles, Santos indica dois aminoácidos: a
fenialanina, que pode levar à sensação de saciedade, e o 5-HTP
(5-hidroxitriptofano), que dá sensação de bem-estar.
Para Santos, a possível proibição dos emagrecedores pode abrir espaço para esses outros medicamentos.
- O que não pode ocorrer são associações malucas. Eles podem ser usados desde que estejam regulamentados pela Anvisa.
Fonte: R7
Por: Diego Junqueira
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